10,5 milhões de crianças e adolescentes trabalham na América Latina e no Caribe

12 de junho de 2019

Neste Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil (12 de junho), a América Latina e o Caribe não têm motivos para comemorar. Atualmente, 10,5 milhões de crianças e adolescentes trabalham na região, dos quais 6,3 milhões trabalham em empregos perigosos. Esta situação é apresentada nas figuras da Organização Internacional do Trabalho (OIT). (mais…)


Organizações da América Latina e do Caribe demandam a autoridades da ONU a inclusão do ODS 4 em declaração prévia do Fórum Político de Alto Nível

5 de junho de 2019

“É com grande preocupação que, como redes e organizações da sociedade civil que trabalhamos pela realização do direito humano à educação na América Latina e no Caribe, revisamos o chamado ‘rascunho zero’ da Declaração Política do Fórum Político de Alto Nível (FPAN) e constatamos a total ausência de compromissos dos Estados com a educação e sua importância crucial no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), dos direitos humanos, do fortalecimento democrático e da paz”.

Assim começa a carta assinada pela Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (CLADE) e outras redes, coalizões e organizações da sociedade civil da América Latina e do Caribe. A carta foi enviada às autoridades das Nações Unidas, para pressionar pela inclusão de referências ao ODS 4 na declaração política do Fórum Político de Alto Nível.

O FPAN é a plataforma oficial das Nações Unidas para o monitoramento da realização dos ODS em âmbito mundial e, a cada ano, enfoca o estado de cumprimento de Objetivos específicos da Agenda, bem como a análise de revisões nacionais voluntárias apresentadas pelos Estados membros.

A próxima edição do Fórum acontecerá de 9 a 18 de julho deste ano em Nova Iorque, com ênfase na revisão do ODS 4, bem como dos Objetivos de número 8 (trabalho decente e crescimento econômico), 10 (redução das desigualdades), 13 (ação para o clima), 16 (paz, justiça e instituições sólidas) e 17 (parcerias para alcançar os objetivos).

Com a carta enviada a autoridades da ONU, as organizações e redes demandam a inclusão do ODS 4 nas próximas versões da declaração. “Esperamos que essa ausência seja superada nas seguintes versões da Declaração, para que as Nações Unidas possam transmitir ao mundo inteiro, de maneira clara e contundente, a importância da educação para a paz, a justiça, a sustentabilidade ambiental, a dignidade humana, bem como para superar o patriarcado e todas as formas de discriminação. A educação é fundamental para promover a implementação da Agenda de Desenvolvimento 2030 em sua totalidade, e esperamos que ela seja reconhecida no Fórum Político de Alto Nível”, diz Camilla Croso, coordenadora geral da CLADE.

Leia a carta completa a seguir:

Exmo. Sr. António Guterres, Secretário Geral das Nações Unidas
Exma. Sra. Amina Mohammed, Vice-Secretária Geral das Nações Unidas
Exma. Sra. María Fernanda Espinoza, Presidenta da Assembleia Geral das Nações Unidas
Exma. Embajadora Sra. Inga Rhonda King, presidenta do ECOSOC

É com grande preocupação que, como redes e organizações da sociedade civil que trabalhamos pela realização do direito humano à educação na América Latina e no Caribe, revisamos o chamado ‘rascunho zero’ da Declaração Política do Fórum Político de Alto Nível (FPAN) e constatamos a total ausência de compromissos dos Estados com a educação e sua importância crucial no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), dos direitos humanos, do fortalecimento democrático e da paz.

Essa ausência é particularmente grave no ano em que o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4, que garante educação inclusiva, equitativa e de qualidade ao longo da vida, está entre os principais objetivos a serem analisados.

Sabemos da importância do FPAN como um mecanismo chave para monitorar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em todo o mundo. Por isso, estamos plenamente comprometidos, como sociedade civil, a participar e fortalecê-lo como um espaço estratégico de diálogo multilateral para o exercício democrático e o impulso ao cumprimento dos compromissos assumidos com a Agenda 2030.

Esperamos que essa ausência seja prontamente corrigida nas próximas versões, que devem reconhecer a importância fundamental da implementação de todo o ODS 4, bem como o papel fundamental da educação para a realização de toda a Agenda 2030.

Em diálogo com redes irmãs da sociedade civil de outros continentes e de âmbito global, bem como com o Grupo de Partes Interessadas de Educação e Academia da ONU (Education and Academia Stakeholder Group), enviaremos sugestões concretas que poderiam ser incluídas neste documento fundamental.

Saudações cordiais

ADECO – México
Agencia Pressenza
Agenda Ciudadana por la Educación (ACED) Costa Rica
Asociación Latinoamericana de Educación y Comunicación Popular – ALER
Asociación Internacional de Lesbianas, Gays, Bisexuales, Trans e Intersex para América Latina y el Caribe – ILGALAC
Ayuda en Acción El Salvador
Campaña Argentina por el Derecho a la Educación (CADE)
Campaña Boliviana por el Derecho a la Educación (CBDE)
Campaña Latinoamericana por el Derecho a la Educación (CLADE)
Campanha Nacional pelo Direito à Educação – Brasil
Campaña Peruana por el Derecho a la Educación (CPDE)
Campaña por el Derecho a la Educación en México (CADEM)
Centro de Estudios Ecuménicos – CEE – México
CEP – Parras – México
Coalición Colombiana por el Derecho a la Educación (CCDE)
Colectivo de Educación para Todas y Todos de Guatemala
Colectivo Mexicano del CEAAL
Colectivo Voces y Colores Colombia
Comité de América Latina y el Caribe para la Defensa de los Derechos de las Mujeres (CLADEM)
Consejo de Educación Popular de América Latina y el Caribe (CEAAL)
Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO)
Contrato Social por la Educación en el Ecuador
COPEVI – México
Dinamismo Juvenil – México
EDUCA – México
Federación Internacional Fe y Alegría
FINEDUCA Brasil – Associação Nacional de Pesquisadores em Financiamento da Educação
Foro Dakar Honduras
Foro de Educación y Desarrollo Humano de la Iniciativa por Nicaragua
Foro por el Derecho a la Educación Pública de Chile
Foro Socioeducativo (FSE) de República Dominicana
Frente Amplio por la Educación los Derechos y la Paz
Marcha Global contra el Trabajo Infantil de Sudamérica
OMEP Latinoamérica
Pampa 2030
Portal “Otras Voces en Educación”
Reagrupación por la Educación para Todos y Todas (REPT) de Haití
Red de Educación Popular entre Mujeres de América Latina y el Caribe (REPEM)
Red Estrado
Red Global/Glocal por la Calidad Educativa
Red Paraguaya por el Derecho a la Educación
Red Regional por la Educación Inclusiva
Red Salvadoreña por el Derecho a la Educación (RESALDE)
Salud, Arte y Educación – México
Social Watch
Sociedad Venezolana de Educación Comparada


Chile: Debates sobre educação popular e os desafios da educação de hoje

4 de junho de 2019

O Grupo de Trabalho de Educação para a Paz, os Derechos Humanos e a Convivência Solidária do Conselho de Educação Popular da América Latina e do Caribe (CEAAL) organizou o encontro internacional “Memória, Verdade e Cidadania” no Chile.

Na ocasião, educadoras e educadores populares de Argentina, Chile, Peru e Venezuela se reuniram para analisar os desafios da escola de hoje.

Segundo Edgardo Álvarez, diretor da Corporação Ação Coletiva Educação e Comunidade, que integra o grupo de trabalho do CEAAL, a iniciativa convoca e mobiliza educadoras e educadores populares da América Latina e do Caribe, para dialogar e refletir sobre os temas: memória, verdade e construção de cidadania, assim como os desafios que essas temáticas apresentam para a sociedade latino-americana, e em especial para os sistemas educacionais dos diferentes países da região.

Entre os objetivos, está discutir sobre a construção de uma escola pública fortalecida, cidadã, plena e libertária.

Saiba mais sobre a iniciativa, ouvindo a reportagem a seguir (em espanhol):

>> Confira outras notícias sobre ações e diálogos, realizados para defender uma educação emancipadora em América Latina e Caribe, e participe desse debate, acessando o site da mobilização “Educar para a Liberdade” (em espanhol).

Foto:

Campanha pelo Direito à Educação no México é o mais novo membro da CLADE

31 de maio de 2019

A Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (CLADE) celebra a incorporação de um novo membro a sua rede: a Campanha pelo Direito à Educação no México (CADEM). Essa coalizão se baseia no trabalho coletivo, autônomo, crítico e livre para exigir que o Estado assuma sua responsabilidade pela garantia do direito humano à educação, como um elemento chave para a realização de outros direitos de todos os povos e pessoas.

“É nossa missão promover e fazer seguimento para que a educação no México seja laica, libertária e pública. Defendemos que a garantia da educação pública no México deve observar a pluralidade dos diferentes territórios, a igualdade de direitos, a não-discriminação, bem como a correta e oportuna aplicação de recursos públicos”, afirma a Campanha Mexicana.

A seguir, compartilhamos a entrevista realizada com Guadalupe Ramos Ponce, Jesús Juárez e Rosa Elva Zúñiga, membros do Comitê Diretivo da CADEM, que comentam as principais ações e os desafios da coalizão no atual contexto e, além disso, destacam a importância de sua adesão à rede CLADE.

Que ações a CADEM promove atualmente para defender o direito à educação no México?

A CADEM está empenhada em fortalecer a democracia e a implementação efetiva do direito à educação para todas e todos no México, a partir de uma ação política crítica e proativa frente ao Estado mexicano. Em primeiro lugar, trabalhamos a partir da base de diferentes redes, em diferentes grupos. Em segundo lugar, atuamos com incidência e participação ativa em diferentes frentes: educação popular, feminismo e educação, trabalho com diversidade sexual e para a educação integral, trabalho com a educação formal e juventudes, a partir de propostas alternativas e interculturais, e o trabalho com diferentes redes magisteriais e de pesquisa, sob a questão transversal dos direitos humanos.

A incidência para a exigibilidade e a justiciabilidade do direito humano à educação frente ao Estado mexicano tem estado presente por meio das diferentes organizações que compõem a CADEM, nos espaços de decisão, no debate público sobre educação, na incidência legislativa, nas campanhas de denúncia, no apoio às demandas da comunidade e no acompanhamento a diferentes processos. Entre tais ações cidadãs em busca por igualdade substantiva, destacam-se as seguintes perspectivas: gênero, direitos humanos, juventude, inclusão à diversidade sexual, direitos docentes, acesso à educação para todas e todas e uma ética planetária.

Quais são os principais desafios e oportunidades para a realização do direito à educação no México?

No contexto atual, temos como oportunidade o fato de que a atual administração pública abre caminho para que a educação progrida e seja a base para a melhoria da vida e do desenvolvimento sustentável, conforme estabelece a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável; bem como para avançar na articulação entre organizações, redes e grupos que defendem o direito humano à educação a partir de diferentes plataformas.

Nesse contexto, no entanto, mantemos uma postura crítica e de exigência em relação à responsabilidade pública do Estado e ao exercício dos direitos.

Nosso principais desafios são: defender, promover e garantir o direito humano à educação em um contexto nacional de violência generalizada (feminicídios, vulnerabilidade das defensoras e dos defensores do território e violência escolar, etc.); influenciar um projeto de profunda transformação educacional com um horizonte ético; e trabalhar coletivamente para garantir a melhoria do sistema educacional mexicano e reconhecer a contribuição da sociedade civil mexicana.

Qual a importância da integração da CADEM à CLADE? Como essa parceria fortalece a luta pelo direito à educação no México?

As alianças da Campanha pelo Direito à Educação no México são fortalecidas por sua integração à CLADE, já que essa lhe permite vincular-se com redes, fóruns e coletivos de todos os países da região em que a CLADE tem membros, de modo que se tem uma visão latino-americana na luta por uma educação emancipadora e libertadora.

A trajetória, a experiência e a força da CLADE permitem que a Campanha no México tenha um ponto de encontro, incentivam sua articulação com as diferentes forças coletivas no México, e lhe possibilitam obter elementos orientadores para realizar seu trabalho a partir das bases.

Com essa parceria, a Campanha no México poderá enfatizar os seguintes eixos: a responsabilidade pública do Estado pela garantia do direito humano à educação, como promotor dos demais direitos; a democratização e a eficiência do sistema público de ensino; a qualidade dos programas e processos educacionais; e a ação plural e coletiva dos diversos sujeitos da sociedade civil.


Diálogo virtual destaca caminhos para educação emancipadora na América Latina e no Caribe

30 de maio de 2019

Depois de reunir especialistas e representantes de seus membros em outras três reuniões virtuais, que abordaram os desafios para garantir o direito humano à educação na região, a Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (CLADE) realizou, no dia 21 de maio, o último de uma série de quatro diálogos virtuais organizados no contexto da Semana de Ação Global pela Educação (SAME) 2019. Nessa ocasião, aprofundaram-se os diálogos e reflexões sobre o que é uma educação emancipadora e como garanti-la na América Latina e no Caribe. (mais…)


Educar para a liberdade: CLADE lança documento sobre educação emancipadora

21 de maio de 2019

Para compartilhar reflexões sobre alguns eixos que, do ponto de vista da CLADE, sustentam uma educação transformadora e libertadora para a América Latina e o Caribe, lançamos o documento “Educar para a liberdade: Por uma educação emancipadora que garanta direitos”. (mais…)


Especialistas e ativistas discutem a realidade educacional de 5 países da América Latina e Caribe

16 de maio de 2019

Chile, Colômbia, El Salvador, Guatemala e Haiti foram os países cujas políticas, avanços e desafios na educação foram discutidos no segundo painel sobre “O direito à educação na América Latina e no Caribe”, realizado pela CLADE, na contexto da SAME 2019, que tem como lema regional: “Nossa educação, nossos direitos”. O encontro virtual reuniu membros da CLADE nesses cinco países e contou com a participação especial do especialista uruguaio Roberto Bissio, da Social Watch. (mais…)


Em Fórum Regional, a CLADE dialoga com redes de educadoras e educadores humanistas de diferentes países

15 de maio de 2019

A Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (CLADE) participou de diálogos com integrantes de redes de educadoras e educadores de América Latina, Caribe e outras partes do mundo, durante o 4º Fórum Humanista Latino-Americano, realizado de 10 a 12 de maio em Santiago, Chile.

Essa participação se deu por um convite da Rede de Educadores Humanistas e da Rede de Educadores Criativos e Rebeldes (Recrear) do Fórum, bem como da Pressenza, agência de comunicação humanista membro da CLADE. A Campanha foi representada no Fórum por sua coordenadora de comunicação e mobilização, Fabíola Munhoz, que participou de um diálogo e intercâmbio sobre experiências educativas inspiradoras na tarde de 11 de maio, na Biblioteca de Santiago, ao lado do presidente do Colégio de Professores do Chile, Mario Aguilar; do educador e membro da equipe da produtora humanista 4V do Brasil, Vinicius Chamet; e de representantes da Corrente Pedagógica Humanista Universalista (COPEHU). O diálogo foi moderado por Carlos Crespo, educador peruano que também é coordenador da Rede de Educadores Humanistas.

Vinicius Chamet falou sobre a grave situação de censura e repressão que docentes do Brasil enfrentam, como resultado de ações de desinformação que o movimento “Escola sem Partido” promove no país. Esse movimento, que apresentou um projeto de lei de mesmo nome no Congresso Nacional, quer legitimar por lei e na gestão educacional o impedimento a que professoras e professores abordem questões relacionadas a política e igualdade de gênero nas salas de aula. “Esse movimento incentiva estudantes a gravarem as aulas de seus professores e denunciá-los caso abordem determinados tópicos em aula”, explicou Chamet.

O educador também apresentou o Manual de Defesa contra a Censura nas Escolas, elaborado pela 4V em parceria com outras organizações da sociedade civil do Brasil. O material oferece a docentes um conjunto de estratégias e medidas que podem ser adotadas em resposta a agressões, especialmente nos campos jurídico, político-pedagógico e da comunicação. Chamet contou que existe a ideia de estabelecer parcerias para traduzir esse manual para o espanhol e adaptá-lo aos diferentes contextos de outros países da América Latina e do Caribe que sofrem com o mesmo problema.

Stefano Colonna, da COPEHU, abordou experiências-piloto de aplicação dessa corrente pedagógica humanista em instituições públicas de Educação Básica Regular de Lima, Peru. De acordo com um vídeo que apresentou na ocasião, a implementação de uma pedagogia da intencionalidade permite que as novas gerações pensem coerentemente e, além disso, estimula a não-violência ativa, a autorregulação, a auto-aprendizagem, o gosto pela pesquisa e a aprendizagem, o contato com registros interno como a paz, a alegria, o senso transcendental da vida, a força interior e a comunhão com tudo o que existe.

Veja o vídeo:

Mario Aguilar comentou as ações que o Colégio de Professores vem promovendo pela refundação de um movimento sindical e pedagógico humanista, a favor de uma educação humanizadora, transformadora e liberadora, para além da reivindicação de melhores salários e condições de trabalho adequadas para o magistério. “Com esse objetivo, levamos nossa gestão no Colégio de Professores, que é baseada na participação democrática direta e na consulta às bases antes de cada decisão, bem como na transparência”, disse.

Participação da CLADE

Fabíola Munhoz apresentou a missão da CLADE e comentou alguns dos desafios para a garantia do direito humano à educação na América Latina e no Caribe, que foram compartilhados em uma série de diálogos virtuais realizados com a participação de integrantes da Campanha em diferentes países da região. Entre os desafios mencionados nesses diálogos virtuais, que foram organizados pela CLADE como parte das ações da Semana de Ação Mundial pela Educação (SAME) 2019, destacou: o corte de verbas para a educação pública, retrocessos para a igualdade de gênero na educação e a tendência ao militarismo e à censura nas escolas de diferentes países da região.

“O movimento ‘Con mi hijo no te metas’, semelhante ao ‘Escola sem Partido’ no Brasil, está presente em diferentes países da região. Além disso, a censura aos diálogos sobre política nas escolas está prevista em um projeto de lei no Brasil, mas também é debatida no Congresso Nacional da Colômbia, enquanto há uma tendência a militarizar a educação e a propor a violência e o controle como formas de enfrentar os conflitos em escolas do Brasil e do Chile, por exemplo. Como CLADE, defendemos que qualquer conflito na educação deve ser resolvido pelo diálogo. Entendemos que a resistência a esses processos deve ser conjunta e regional. Por isso, é tão importante o trabalho que vocês, como redes de educadoras e educadores humanistas, desenvolvem”, afirmou.

Leia+ SAME 2019

Fabíola Munhoz também apresentou a iniciativa da CLADE chamada Educar para a Liberdade, que visa a promover e estimular diálogos sobre o que é uma educação emancipadora que garanta direitos, e como realizá-la em nossa região. Convidou as educadoras e os educadores presentes a se unirem à iniciativa, e a também compartilharem nesse contexto suas experiências e práticas de educação liberadora, humanizadora e transformadora.


Especialistas apontam desafios para a garantia da educação como um direito humano na região

14 de maio de 2019

“Os objetivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável nos inspiram a seguir os instrumentos de direitos humanos como horizontes. Na Agenda, temos uma perspectiva de todas as etapas educacionais: fala-se sobre primeira infância, ensino médio, participação estudantil, ensino superior, financiamento e educação gratuita. Estabeleceu-se para os Estados a obrigação de garantir pelo menos 12 anos de educação gratuita e obrigatória. Os instrumentos de direitos humanos mencionam a progressividade a todas as etapas educacionais, mas esse horizonte de 12 anos foi um acerto fundamental”, disse Camilla Croso, coordenadora geral da Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (CLADE) durante o Seminário virtual “O Planejamento de Políticas Educacionais no Âmbito da Agenda 2030”, realizado em 9 de maio.

Organizado pelo escritório de Buenos Aires do Instituto Internacional de Planejamento Educacional (IIPE UNESCO), no lançamento de seus programas regulares de formação, o seminário promoveu reflexões sobre a relevância política e institucional dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e em particular do ODS 4 – referente à educação – na região; o diálogo da Agenda de Educação 2030 com os avanços para a consolidação da educação como um direito; e os principais desafios e obstáculos na implementação da Agenda de Educação 2030.

Além de Camilla Croso, participaram do evento: Pablo Cevallos Estarellas, diretor regional do IIPE UNESCO Buenos Aires; Gladys Kochen, coordenadora de formação do IIPE UNESCO Buenos Aires; Néstor López, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do IIPE UNESCO Buenos Aires; e Cecilia Barbieri, do Escritório Regional da UNESCO para América Latina e Caribe (OREALC/UNESCO).

Desafios para o cumprimento da Agenda: avaliação, participação e financiamento

Durante o seminário, destacaram-se como desafios as disputas em relação à interpretação da educação de qualidade que se quer alcançar com a Agenda 2030. “Ao longo do processo de negociação e definição da Agenda, a sociedade civil da América Latina e do Caribe lutou pela perspectiva de inclusão na educação, mas ainda há disputas interpretativas sobre o que significa qualidade educacional, entre a visão que defendemos, que propõe a educação para o coletivo e como bem comum, e um discurso que se limita a resultados de aprendizagem, e que vemos em muitas das políticas da região, representando um risco. Não queremos que a Agenda se converta numa perspectiva reducionista dos currículos e políticas”, explicou Camilla Croso.

Ela também fez uma análise crítica em relação às avaliações educacionais padronizadas – que, em seu ponto de vista, “padronizam e homogenizam o aprendizado”. “O problema é que existem programas de avaliação que enfocam resultados de estudantes em apenas algumas disciplinas, como é o caso do PISA [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes da OCDE – Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico]. As culturas e os contextos são diversos. Pode ser que as avaliações padronizadas façam parte de um pacote de análise, mas elas não devem ser tomadas como única ferramenta de avaliação, pois isso leva também a padronizar a formação docentes e outros aspectos da educação. Defendemos uma perspectiva mais ampla de avaliação, que observe as escolas, os insumos, os processos, as políticas, os sistemas de ensino e os salários docentes, entre outros elementos, não apenas os resultados de estudantes e docentes em testes padronizados”, explicou.

Por sua vez, Cecilia Barbieri apontou como um desafio a dificuldade de criar um consenso sobre o que significa docentes com qualificação, avaliação e remuneração adequadas. “Isso tem implicações sobre os significados da educação e coloca em discussão o papel das professoras e dos professores no cumprimento da Agenda”, afirmou.

Acrescentou que há o risco de colocar a responsabilidade exclusiva pela qualidade educacional sobre a profissão docente, quando os Estados devem ser os responsáveis por garantir direitos e bons resultados na educação. “Ainda não há consenso sobre os conceitos de qualidade da educação em termos de acesso e participação da comunidade educativa, por exemplo, o que vai além da eficácia. Devemos avançar nesse pensamento, pois tem relação com a integração desses elementos em uma avaliação que questiona a educação, em relação à pertinência e à inclusão”, disse Barbieri.

Em relação ao financiamento educacional, Camilla Croso chamou a atenção para o risco do desfinanciamento da educação pública. “Embora tenhamos aumentado o financiamento para a educação nos últimos anos, temos que analisar as últimas tendências de cortes ao financiamento para esse campo. Quando o público é desprovido de financiamento, colocam-se em risco a questão da igualdade e a garantia da educação como um direito para todas e todos”.

Acrescentou que é necessário trabalhar com os governos para a criação ou consolidação de mecanismos e procedimentos que, de fato, garantam a participação de sujeitos das comunidades educativas na definição de políticas públicas transformadoras, e que outro desafio é a superação da discriminação e da desigualdade na educação. “A crescente discriminação contra meninas, mulheres e pessoas LGBTI nos espaços educativos da região deve ser superada, o que vai além do ODS 4. Tem a ver com o direito à igualdade de gênero, que hoje está em disputa entre grupos que defendem a perspectiva de direitos e grupos ultraconservadores, como o ‘Con mi hijo no te metas'”, destacou.

Além disso, Cecilia Barbieri lembrou que garantir a educação como um direito ao longo da vida, conforme estabelece a Agenda 2030, requer a inclusão de educadoras e educadores que atuam fora do sistema formal de educação. “A educação de pessoas jovens e adultas (EPJA), por exemplo, precisa de atenção e financiamento. Essas diferentes modalidades educacionais e os diferentes contextos requerem uma educadora ou educador com formação ampla e competência para ensinar e incluir os diferentes grupos sociais que estão nessas modalidades, inclusive jovens que não conseguiram concluir o ensino médio no tempo previsto e vão para a EPJA”, afirmou.

Veja o seminário completo aqui.


Ineval

Seminário internacional abordará alternativas para avaliações padronizadas

9 de maio de 2019

A CLADE participará do evento, que discutirá a relação entre as avaliações padronizadas e privatização educacional, assim como alternativas a esse modelo (mais…)