Foto: Secretaria de Educación Soacha

Colômbia: Pressão de organizações impede a suspensão da Educação de Pessoas Jovens e Adultas no país

23 de junho de 2020

Dias depois da Coalizão Colombiana pelo Direito à Educação (CCDE) publicar pronunciamento denunciando a Diretiva 05 do Ministério da Educação Nacional da Colômbia por suspender a realização da Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EPJA) até que a crise sanitária causada pelo COVID-19 termine, o governo colombiano modificou a medida e asegurou que a modalidade educativa deverá ser tratada como prioridade.

“Essa petição contou com o apoio de mais de 900 assinaturas de pessoas em âmbito nacional e internacional. Em resposta a essa denúncia, o Ministério da Educação emite a Diretiva 014, de 12 de junho de 2020, (…) que deixa uma mensagem bem clara sobre quem são os responsáveis e como fica a EPJA no contexto da pandemia, garantindo a finalização de todos os ciclos da educação de jovens e adultos [e adultas], para que todos os [e todas as] estudantes possam completar seus estudos”, afirma o mais recente pronunciamento da Coalizão, publicado em 20 de junho.

Comunicação, incidência política e formação 

As ações que resultaram na garantia de realização da Educação de Pessoas Jovens e Adultas esse ano no país vêm sendo fortalecidas desde o ano passado, quando teve lugar um encontro sobre a EPJA, reunindo cerca de 100 pessoas. “Essa participação permitiu visibilizar um pouco mais a situação da EPJA em Bogotá, a capital colombiana, e também em muitas regiões do país”, explica a coordenadora da Coalizão, María Elena Urbano.

Publicação “Por uma Educação de Pessoas Jovens e Adultas emancipadora e que garanta direitos”, que sistematiza as reflexões e os diálogos do encontro realizado em 2019 (em espanhol)

Além de dar visibilidade a essa modalidade educativa, segundo María Elena Urbano, o encontro do ano passado permitiu consolidar um grupo dinamizador de ações de formação e comunicação sobre a EPJA. “Identificamos uma temática para fazer frente à deterioração dos programas de EPJA e temos fortalecido esse processo através de ações de formação”, explica.

Com relação à comunicação, a Coalizão deu início a uma campanha de visibilização dessa modalidade educativa, chamada “Os Rostos da EPJA”. “São diferentes pessoas, entre docentes e estudantes, que chegam aos diferentes modelos da Educação de Pessoas Jovens e Adultas e relatam suas experiências, metas, sonhos e, sobretudo, o que seria a educação de qualidade para elas”, explica Andrés Ramos, responsável pela área comunicativa na Coalizão. 

Assista a um dos vídeos (em espanhol):

#EducaJóvenesyAdultosYA

Mirella Astroina, perteneciente al Pueblo indigena Barí, en el departamento Norte de Santander nos cuenta las necesidadess, las luchas y su sueño de educarse. Mirella, al igual que muchos estudiantes y maestros de las comunidades indigenas y que se encunetran en la ruralidad, exigen un fortalecimiento y seguimiento al que hacer pedagógico de los docentes, la inclusión de materias que permitan la recuperación de la lengua materna, el fortalecimiento de la misma a través de los docentes bilingües, la enseñanza de contenidos pedagógicos que recupere el saber tradicional, pero sobre todo el apoyo y promoción de encuentros etnoculturales que les permita a los jóvenes Bari compartir experiencias, saberes con los “ancestros” sus mayores de su comunidad, y así tener una #educación de calidad y para toda la vida. CLADE – Campaña Latinoamericana por el Derecho a la Educación

Posted by Coalición Colombiana por el Derecho a la Educación on Monday, June 8, 2020


Diversidade e importância da EPJA 

Segundo o 3º Relatório Global sobre Aprendizagem e Educação de Adultos (GRALE III, 2016), no mundo há atualmente 758 milhões de pessoas adultas – incluindo 115 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos – que não sabem ler ou escrever adequadamente, sendo dois terços dessa cifra mulheres. Na América Latina e Caribe, 36 milhões de pessoas jovens e adultas com 15 anos ou mais são consideradas analfabetas (UIS UNESCO, dados de 2010), o que representa cerca de 9% da população dessa idade.

“A média regional alterou-se pouco nos últimos anos, o que mostra que os avanços são ainda insuficientes. Se considerássemos o analfabetismo funcional, entendido como a falta de habilidades e competências requeridas das pessoas para atuar nos distintos contextos da vida, esse número cresceria significativamente”, explica a publicação “Não deixar ninguém para trás: o papel central da Educação de Pessoas Jovens e Adultas na implementação da Agenda 2030”, publicada em 2018 pela CLADE, em espanhol.

A realidade da EPJA na Colômbia não difere da média regional. Segundo a secretária técnica e responsável pelas ações referentes à Educação de Pessoas Jovens e Adultas na Coalizão, Blanca Cecilia Gómez, ainda não há na Colômbia uma política pública suficientemente fortalecida para a EPJA. 

“Na Coalizão, sempre tivemos uma preocupação pelo direito à educação em geral, mas sobretudo pelas partes menos reconhecidas pelo Estado e uma dessas partes é a EPJA. Ainda não existe uma política pública de EPJA na Colômbia e por isso entramos com força para fazer com que o Estado a reconheça dentro do direito à educação”, afirmou.  

Por sua vez, María Elena Urbano explica que as desigualdades na Colômbia reforçam a importância de lutar pelo direito à EPJA. “O fato de lutar pelo direito à educação de pessoas jovens e adultas é uma aposta porque aqui há populações vistas como de ‘primeira’, ‘segunda’ e ‘terceira’ categorias. É preciso lutar muito contra a discriminação e, sobretudo, entender que essa luta é um ato muito humano pela igualdade. É preciso brigar pelo direito à educação em qualquer momento da vida”, enfatizou.  

Segundo Blanca Cecilia Gómez, não há uma única forma de EPJA na Colômbia. “Há a educação noturna que é oferecida nos colégios públicos, mas também temos educação nos territórios, educação indígena, educação rural, educação com jovens excluídos escola, educação comunitária, educação dirigida à população com deficiência, educação nos presídios, etc”, explicou. 

Para a ativista, as pessoas que entram para essa modalidade de educação têm seu direito à educação violado desde o começo, seja por questões de pobreza, de falta de acesso devido à distância da escola, entre otras. “Essa educação converte-se em algo vital para poder melhorar suas condições de vida. Há vários casos de pessoas para quem o fato de poder estar nessa educação é como a última possibilidade de poder melhorar suas condições de vida e de poder acessar estudos superiores técnicos ou acadêmicos. Por isso, essa educação é central para garantir os direitos e é preciso apoiá-la”, sublinhou.


Colômbia em 2020: O ano promete a continuidade dos protestos por mais financiamento para o direito à educação

22 de março de 2020

Para conhecer os desafios e as oportunidades para a realização do direito humano à educação atualmente na Colômbia, conversamos com María Elena Urbano e Cecilia Gómez, integrantes da Coalizão Colombiana pelo Direito à Educação (CCDE), membro da CLADE no país. Durante a entrevista, abordaram a conjuntura nacional e as expectativas das comunidades educacionais nesse cenário, assim como os planos da sociedade civil para continuar sua luta pela garantia do direito à educação e de outros direitos humanos.

“Espera-se que as amplas mobilizações, que as organizações sociais, sindicais e de estudantes estão realizando, consigam negociar com o governo reivindicações que ajudem a reduzir as desigualdades sociais, a marginalidade e a exclusão, em que vive a maioria da população colombiana, melhorando as condições de vida no país”, afirmaram as entrevistadas.

Leia o diálogo completo a seguir.

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América Latina e Caribe se preparam para a IV Bienal sobre Infância e Juventude

19 de fevereiro de 2020

De 27 a 31 de julho de 2020, será realizada em Manizales, Colômbia, a IV Bienal Latino-Americana e Caribenha sobre Primeira Infância e Juventude, que terá como principais eixos temáticos as desigualdades, os desafios das pessoas em situação de deslocamento e as diversidades. O evento, organizado por Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO), Fundação Centro Internacional de Educação e Desenvolvimento Humano (CINDE) e Universidade de Manizales, será um espaço de articulação entre academia, responsáveis pelas políticas públicas e organizações sociais da região. (mais…)


Fotos: CCDE

Colômbia: Encontro reuniu estudantes, docentes e ativistas para discutir a educação de pessoas jovens e adultas

20 de outubro de 2019

Foi realizado no último sábado, 19 de outubro, em Bogotá (Colômbia), o Encontro de Estudantes da Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EPJA), com a participação de 95 pessoas, entre estudantes, docentes e autoridades de diferentes regiões da Colômbia, incluindo indígenas, campesinas/os, jovens e idosas/os. O evento foi convocado por Coalizão Colombiana pelo Direito à Educação (CCDE), Frente Ampla por Educação, Direitos e Paz (FAXE), Coletivo Vozes e Cores, Associação Distrital de Trabalhadores da Educação (ADE) e Universidade Pedagógica Nacional, em aliança com a CLADE. (mais…)


Foto: Pre

Como está a privatização da educação na América Latina e no Caribe?

16 de outubro de 2019

A garantia do direito à educação gratuita e pública na América Latina e no Caribe tem como um dos desafios mais importantes coibir a privatização da educação que, com a chegada ou o fortalecimento de governos com características neoliberais, avançou na região.
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Foto: Fernando Martinho

Cúpula da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável: Se destacou o papel chave da educação

7 de outubro de 2019

No primeiro dia da Cúpula das Nações Unidas sobre Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), realizada em 24 de setembro, o Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, comemorou que muitos países incorporaram os ODS nos seus planos e políticas, e que tenham sido integrados aos processos de preparação e apresentação de relatórios nacionais voluntários.
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Fórum da UNESCO: Autoridades de cinco países apresentam conquistas e desafios para a educação inclusiva

12 de setembro de 2019

O segundo painel de debates do Fórum Internacional sobre Inclusão e Equidade na Educação da UNESCO (11 a 13 de setembro em Cali, Colômbia) contou com a presença de representantes dos Ministérios da Educação de cinco países. A mesa foi composta: Hirut Woldemariam, Ministra da Ciência e Ensino Superior da Etiópia; Pablo Medina, vice-ministro de Educação do Peru; Constanza Alarcón, vice-ministra da Educação da Colômbia; João Costa, Vice Ministro da Educação de Portugal; e Dominic Cardy, Ministro da Educação e Desenvolvimento da Primeira Infância de Nova Brunsvique, Canadá. O diálogo foi moderado por Stefania Giannini, vice-diretora geral de educação da UNESCO.
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Foto: UNESCO

CLADE participa do fórum internacional da UNESCO sobre inclusão e equidade na educação

10 de setembro de 2019

Como promover legislação, políticas, programas e práticas para a educação inclusiva? Que medidas os governos devem adotar para garantir ambientes de aprendizado inclusivos e iguais? Que recomendações são feitas para promover a inclusão e a equidade na educação? Com base nessas e em outras questões, são promovidos os debates do “Fórum Internacional da UNESCO sobre Inclusão e Equidade na Educação”. O evento acontece em Cali, Colômbia, de 11 a 13 de setembro. (mais…)


Foto: Luis Fernando Arellano

Jovens da América Latina e do Caribe transformando a educação

12 de agosto de 2019

Em 1999, a Assembleia Geral das Nações Unidas designou o dia 12 de Agosto como Dia Internacional da Juventude, uma celebração anual que visa promover o papel das e dos jovens nos processos de mudança, e sensibilizar os jovens para os desafios e contextos que enfrentam. (mais…)


10,5 milhões de crianças e adolescentes trabalham na América Latina e no Caribe

12 de junho de 2019

Neste Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil (12 de junho), a América Latina e o Caribe não têm motivos para comemorar. Atualmente, 10,5 milhões de crianças e adolescentes trabalham na região, dos quais 6,3 milhões trabalham em empregos perigosos. Esta situação é apresentada nas figuras da Organização Internacional do Trabalho (OIT). (mais…)