Fotos: CCDE

Colômbia: Encontro reuniu estudantes, docentes e ativistas para discutir a educação de pessoas jovens e adultas

20 de outubro de 2019

Por: Samuel Grillo

No diálogo, foram abordadas questões delicadas relacionadas à EPJA, que serão incluídas em um plano nacional de incidência política.

Foi realizado no último sábado, 19 de outubro, em Bogotá (Colômbia), o Encontro de Estudantes da Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EPJA), com a participação de 95 pessoas, entre estudantes, docentes e autoridades de diferentes regiões da Colômbia, incluindo indígenas, campesinas/os, jovens e idosas/os. O evento foi convocado por Coalizão Colombiana pelo Direito à Educação (CCDE), Frente Ampla por Educação, Direitos e Paz (FAXE), Coletivo Vozes e Cores, Associação Distrital de Trabalhadores da Educação (ADE) e Universidade Pedagógica Nacional, em aliança com a CLADE.

“É uma educação importada, que não lê o contexto, as situações da Colômbia e da América Latina, e que está desatualizada com os conhecimentos atuais.”

70% da participação foi de estudantes da EPJA e o diálogo abordou questões delicadas relacionadas a essa modalidade educacional, incluindo sua implementação nos territórios e comunidades indígenas, afro-colombianas e campesinas. “Nas discussões, percebeu-se que a EPJA é muito separada da realidade e do que vivem jovens e adultos. É uma educação importada que não lê o contexto, as situações colombianas e latino-americanas, e que está desatualizada com os conhecimentos atuais”, afirmou Blanca Cecilia Gómez, da CCDE.

O debate também destacou os desafios para a garantia da EPJA como um direito humano, por exemplo: a necessidade de superar a discriminação e a estigmatização das quais estudantes da EPJA são vítimas. Também se mencionou que mulheres jovens e adultas, idosos/as, pessoas migrantes, deficientes, LGBTI, indígenas, privadas de liberdade e em conflito com a lei, bem como aquelas que vivem em áreas rurais, sofrem mais com as desvantagens e os obstáculos para acessar seu direito à educação e oportunidades de desenvolvimento social e pessoal. Destacou-se que a EPJA nas prisões é uma farsa, disfarçada de “ressocialização”, sendo ainda mais negligenciada no caso de mulheres reclusas.

“A educação de jovens excluídas/os é um apartheid. Essas pessoas são isoladas e identificadas como um problema social, no caso de jovens viciadas/os em drogas, que cometeram pequenos crimes ou em extrema pobreza, para quem não há possibilidades reais de acessar a educação”, afirmou Gomez.

Também foram destacadas as más condições das escolas que oferecem EPJA, em muitas das quais laboratórios, bibliotecas e até banheiros, ficam trancados, negando-se o acesso por estudantes durante a noite.

Para enfrentar esse cenário, enfatizou-se que é urgente dar visibilidade a esses problemas e fortalecer as políticas públicas universais de EPJA, bem como a geração de políticas afirmativas para reparar essas discriminações históricas e estruturais. Observou-se também que é essencial ter currículos e processos pedagógicos que reconheçam a especificidade da EPJA, promovam o intercâmbio de experiências e se baseiem no diálogo, na participação, nas experiências, nas trajetórias e no contexto dos sujeitos desta modalidade educacional

No encerramento da reunião, participantes concordaram em realizar um novo encontro ao final de novembro, para avançar na elaboração de um plano de incidência, com base no que foi discutido. “Também queremos organizar, para o segundo semestre do próximo ano, uma audiência pública no Congresso da República, convocando autoridades de educação, para apresentar o nosso plano de incidência”, disse Blanca Cecilia Gómez.

Durante o evento, também se enfatizou que é urgente avaliar e visibilizar os temas relacionados à EPJA, bem como promover a conscientização sobre os direitos das pessoas jovens e adultas, incluindo a educação, e fazendo com que os processos de participação e de incidência nesses campos sejam construídos com as/os estudantes.