Em Fórum Regional, a CLADE dialoga com redes de educadoras e educadores humanistas de diferentes países
15 de maio de 2019
Por: Fabíola Munhoz
A Campanha participou do Fórum Humanista Latino-Americano, que reuniu educadoras e educadores de América Latina, Caribe e outras regiões do planeta, que atuam pela realização de uma educação emancipadora, transformadora e humanizadora
A Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (CLADE) participou de diálogos com integrantes de redes de educadoras e educadores de América Latina, Caribe e outras partes do mundo, durante o 4º Fórum Humanista Latino-Americano, realizado de 10 a 12 de maio em Santiago, Chile.
Essa participação se deu por um convite da Rede de Educadores Humanistas e da Rede de Educadores Criativos e Rebeldes (Recrear) do Fórum, bem como da Pressenza, agência de comunicação humanista membro da CLADE. A Campanha foi representada no Fórum por sua coordenadora de comunicação e mobilização, Fabíola Munhoz, que participou de um diálogo e intercâmbio sobre experiências educativas inspiradoras na tarde de 11 de maio, na Biblioteca de Santiago, ao lado do presidente do Colégio de Professores do Chile, Mario Aguilar; do educador e membro da equipe da produtora humanista 4V do Brasil, Vinicius Chamet; e de representantes da Corrente Pedagógica Humanista Universalista (COPEHU). O diálogo foi moderado por Carlos Crespo, educador peruano que também é coordenador da Rede de Educadores Humanistas.
Vinicius Chamet falou sobre a grave situação de censura e repressão que docentes do Brasil enfrentam, como resultado de ações de desinformação que o movimento “Escola sem Partido” promove no país. Esse movimento, que apresentou um projeto de lei de mesmo nome no Congresso Nacional, quer legitimar por lei e na gestão educacional o impedimento a que professoras e professores abordem questões relacionadas a política e igualdade de gênero nas salas de aula. “Esse movimento incentiva estudantes a gravarem as aulas de seus professores e denunciá-los caso abordem determinados tópicos em aula”, explicou Chamet.
O educador também apresentou o Manual de Defesa contra a Censura nas Escolas, elaborado pela 4V em parceria com outras organizações da sociedade civil do Brasil. O material oferece a docentes um conjunto de estratégias e medidas que podem ser adotadas em resposta a agressões, especialmente nos campos jurídico, político-pedagógico e da comunicação. Chamet contou que existe a ideia de estabelecer parcerias para traduzir esse manual para o espanhol e adaptá-lo aos diferentes contextos de outros países da América Latina e do Caribe que sofrem com o mesmo problema.
Stefano Colonna, da COPEHU, abordou experiências-piloto de aplicação dessa corrente pedagógica humanista em instituições públicas de Educação Básica Regular de Lima, Peru. De acordo com um vídeo que apresentou na ocasião, a implementação de uma pedagogia da intencionalidade permite que as novas gerações pensem coerentemente e, além disso, estimula a não-violência ativa, a autorregulação, a auto-aprendizagem, o gosto pela pesquisa e a aprendizagem, o contato com registros interno como a paz, a alegria, o senso transcendental da vida, a força interior e a comunhão com tudo o que existe.
Veja o vídeo:
Mario Aguilar comentou as ações que o Colégio de Professores vem promovendo pela refundação de um movimento sindical e pedagógico humanista, a favor de uma educação humanizadora, transformadora e liberadora, para além da reivindicação de melhores salários e condições de trabalho adequadas para o magistério. “Com esse objetivo, levamos nossa gestão no Colégio de Professores, que é baseada na participação democrática direta e na consulta às bases antes de cada decisão, bem como na transparência”, disse.
Participação da CLADE
Fabíola Munhoz apresentou a missão da CLADE e comentou alguns dos desafios para a garantia do direito humano à educação na América Latina e no Caribe, que foram compartilhados em uma série de diálogos virtuais realizados com a participação de integrantes da Campanha em diferentes países da região. Entre os desafios mencionados nesses diálogos virtuais, que foram organizados pela CLADE como parte das ações da Semana de Ação Mundial pela Educação (SAME) 2019, destacou: o corte de verbas para a educação pública, retrocessos para a igualdade de gênero na educação e a tendência ao militarismo e à censura nas escolas de diferentes países da região.
“O movimento ‘Con mi hijo no te metas’, semelhante ao ‘Escola sem Partido’ no Brasil, está presente em diferentes países da região. Além disso, a censura aos diálogos sobre política nas escolas está prevista em um projeto de lei no Brasil, mas também é debatida no Congresso Nacional da Colômbia, enquanto há uma tendência a militarizar a educação e a propor a violência e o controle como formas de enfrentar os conflitos em escolas do Brasil e do Chile, por exemplo. Como CLADE, defendemos que qualquer conflito na educação deve ser resolvido pelo diálogo. Entendemos que a resistência a esses processos deve ser conjunta e regional. Por isso, é tão importante o trabalho que vocês, como redes de educadoras e educadores humanistas, desenvolvem”, afirmou.
Leia+ SAME 2019
Fabíola Munhoz também apresentou a iniciativa da CLADE chamada Educar para a Liberdade, que visa a promover e estimular diálogos sobre o que é uma educação emancipadora que garanta direitos, e como realizá-la em nossa região. Convidou as educadoras e os educadores presentes a se unirem à iniciativa, e a também compartilharem nesse contexto suas experiências e práticas de educação liberadora, humanizadora e transformadora.
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