A CLADE se solidariza com o magistério chileno diante da detenção de docentes e líderes sindicais no país
25 de junho de 2019
Por: Samuel Grillo e Fabíola Munhoz
Mario Aguilar, presidente do Colégio de Professores do Chile, e Diego Parra, do Fórum pelo Direito à Educação Pública, estavam entre as 38 pessoas presas por participar de uma manifestação pacífica em frente ao Palacio de la Moneda
Uma manifestação realizada hoje, 25 de junho, pelo sindicato de docentes do Chile, em frente ao Palácio de la Moneda – sede do Poder Executivo Chileno – terminou com a prisão de 38 pessoas
Mario Aguilar, presidente do Colégio de Professores, Darío Vásquez, secretário geral do sindicato, e Diego Parra, integrante do Fórum pelo Direito à Educação Pública do Chile, foram detidos, além de 35 professoras e professores que se manifestavam pacificamente para defender o direito à educação pública no centro de Santiago.
As e os docentes do país estão em greve nacional há quatro semanas para defender a qualidade da educação e exigir melhores condições de trabalho para o magistério.
Os Carabineros (polícia chilena) reprimiram os protestos pacíficos que ocorreram hoje (25 de junho) em frente ao Palacio de la Moneda, com um canhão d’água e a prisão de manifestantes.
Além disso, denuncia-se a repressão e a criminalização enfrentadas por estudantes do ensino médio mobilizados para defender o direito à educação nas escolas públicas do país.
“É uma expressão de que o professorado quer ser ouvido. Queremos exigir que esse governo nos ouça, que este governo se sente para conversar, que dê uma solução para esse conflito. É a última gota que eles nos reprimam e a forma como eles estão tratando uma demonstração 100% pacífica”, disse à CNN Mario Aguilar, presidente do Colégio de Professores.
Os líderes sindicais e ativistas detidos nos protestos de hoje foram libertados e estão bem.
Solidariedade regional
A Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (CLADE) enviou uma carta de solidariedade às e aos docentes do Chile e publicou uma carta aberta na qual expressa seu repúdio à repressão e à criminalização das comunidades educativas mobilizadas para defender o direito à educação no país.
Na carta, a Campanha também expressa seu apoio social e cívico à luta por uma educação pública gratuita de qualidade para todas e todos no Chile e também pelo direito à manifestação pacífica para defender outros direitos.
“Consideramos que essa atitude repressiva da polícia contra líderes e ativistas reconhecidos por sua luta no Chile indica o aprofundamento da perseguição e da violência contra o magistério, as e os estudantes e os protestos sociais no país. Este acontecimento se soma aos casos de repressão e detenção de defensores de direitos humanos também em outros países da América Latina e do Caribe, como o Brasil e Honduras, apontando para uma tendência regional de ameaça e risco para as democracias, bem como para a liberdade de expressão, manifestação e associação”, diz a carta.
Próximos passos
O Colégio de Professores convocou novas manifestações para amanhã, 26 de junho. Nesta mesma data, a Ministra da Educação, Marcela Cubillos, anunciou que receberá professoras e professores para dialogar e tentar chegar a um acordo.
A CLADE e seus membros em diferentes países da América Latina e do Caribe continuarão acompanhando o progresso das negociações, apoiando as e os docentes e estudantes em sua luta.