Honduras: Manifestantes enfrentam repressão e violência em protestos contra a privatização da saúde e da educação
26 de junho de 2019
Por: Samuel Grillo
Em uma carta à comunidade hondurenha, a CLADE expressa que, sob nenhuma circunstância, o uso de força e armas é justificado, e convida o Estado de Honduras a encontrar mecanismos pacíficos para resolver a crise
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Milhares de pessoas continuam a protestar em Honduras contra as recentes medidas do governo nacional. Infelizmente, há relatos de 3 pessoas mortas e outras feridas devido à repressão às manifestações, que começaram em abril em resposta às reformas implementadas por meio de decretos do governo, que favorecem a privatização nos setores de saúde e educação.
Médicas, médicos e docentes tomaram as ruas e suspenderam aulas e atendimento médico em hospitais e escolas públicas do país.
“Lutamos pelo respeito à relação e à estabilidade laboral, tanto de docentes como de médicas e médicos.Nesse contexto, o direito humano à educação também é afetado, pois, como forma de pressão, as aulas foram interrompidas nos centros educacionais. Isso acontece justamente porque há pouca abertura dos poderes Legislativo e Executivo para ouvir as reivindicações de docentes, médicas e médicos”, afirmou em entrevista Aminta Navarro, do Fórum Dakar Honduras, membro da CLADE no país.
Repressão às manifestações
Segundo a Agence France-Presse (AFP), 3 pessoas foram mortas pelas forças do Estado desde o início dos protestos, incluindo um adolescente de 17 anos. O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OACNUDH) instou as autoridades hondurenhas a realizar uma investigação “imediata e imparcial” para levar os responsáveis à justiça e mostrou solidariedade às famílias das vítimas.
No entanto, a violência contra as e os manifestantes continua. Desde que o Conselho Nacional de Defesa e Segurança se declarou em sessão permanente, sob instruções do governo, as forças do Estado se mobilizaram em nível nacional para reprimir os protestos.
Na segunda-feira, 24 de junho, membros da polícia entraram na Universidade Nacional Autônoma de Honduras (UNAH), disparando com armas e bombas de gás lacrimogêneo. A universidade tinha sido ocupada pacificamente pelos estudantes, e os conflitos resultaram em 5 pessoas sendo baleadas. Também na segunda-feira, protestos de docentes e estudantes ocorreram em Puerto Cortés, no norte do país, foram severamente reprimidos.
Ouça a reportagem da ALER sobre os eventos de 24 de junho:
Solidariedade regional
Em uma carta aberta à comunidade hondurenha, a Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (CLADE) afirma que, em hipótese alguma, o uso da força e das armas é justificado, e convida o Estado de Honduras, assim como as autoridades de educação e saúde, a encontrar mecanismos para resolver a crise, contribuindo assim para a governabilidade democrática do país.
“A invasão dos militares no campus da Universidade Nacional Autônoma de Honduras (UNAH) representa uma clara violação da Autonomia Universitária, como um centro de pensamento livre, crítico, deliberativo, construtivo. Além disso, a militarização dos centros educacionais de nível básico e médio constitui um risco ao exercício da liberdade de expressão e à manifestação pública livre de educandas, educandos, educadoras e educadores.
Convocamos os três poderes do Estado de Honduras a garantir, como manda a Constituição da República, o direito ao protesto, à segurança e ao diálogo na busca de soluções não violentas para a crise que vive a sociedade hondurenha” afirma a carta.
Com informações da ALER.