Camilla Croso

Em conferência internacional, CLADE adverte sobre riscos da privatização da educação na América Latina e no Caribe

18 de abril de 2019

Qual o custo de uma educação que promete produtividade, industrialização, modernidade e consumo? Quem paga esse preço e que consequências isso tem para a garantia da educação como um direito humano?

Levando essas e outras questões para o debate, a Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (CLADE) participou da 63ª Conferência da Comparative & International Education Society (CIES), que aconteceu de 14 a 18 de abril em São Francisco, Estados Unidos. Camilla Croso, coordenadora geral da Campanha, representou a CLADE no evento.

Camilla Croso durante su presentación en Cies.

A edição de 2019 do CIES teve como tema central a “Educação para a Sustentabilidade”, em diálogo com os compromissos firmados pelos Estados Membros da ONU na Agenda de Desenvolvimento 2030.

A CLADE participou na quinta-feira (18/4) do painel intitulado “A ascensão da privatização da educação no mundo: perspectivas comparativas das tendências globais e latino-americanas com ênfase na Argentina e no Brasil”.

Esta apresentação teve como objetivo alertar e discutir os riscos que a privatização da educação gerou para a garantia do direito a uma educação pública gratuita e de qualidade para todas e todos na América Latina e no Caribe. Nesta ocasião, Camilla Croso apresentou algumas descobertas do “Mapeamento de Tendências na Privatização da Educação na América Latina e no Caribe“, ao lado de Adriana Dragone, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Educacionais (GREPPE), que mostrou um mapeamento da inserção do setor privado nas redes públicas de educação no Brasil e Muriam Feldfeber, pesquisadora da Universidade de Buenos Aires (UBA), que abordou dados sobre a privatização da educação na Argentina.

A pesquisa realizada pela CLADE apresenta as formas contemporâneas de privatização no campo educacional e seus possíveis impactos para a realização do direito humano à educação.

“A incorporação de atores e lógicas privatistas, com ou sem fins lucrativos, questiona a natureza pública da educação, o que tem consequências não apenas na equidade no acesso à educação, por meio da fragmentação, segmentação e segregação na oferta educativa, mas também coloca um problema político fundamental, em relação às práticas, valores e conteúdos que a educação pública deve promover como um processo democrático, no qual, e através do qual, os direitos fundamentais são realizados”, disse a coordenadora geral da CLADE, Camilla Croso.

>> Baixe o Mapeamento

Sobre a CIES

Com mais de 3.000 membros individuais (pesquisadoras, pesquisadores, analistas, profissionais e estudantes) representando mais de 1.000 universidades, institutos de pesquisa, departamentos governamentais, organizações não-governamentais e agências multilaterais em todo o mundo, a CIES é uma associação acadêmica estabelecida em 1956, que atrai um público diversificado em sua missão de promover a compreensão intercultural e a erudição.

Seus membros exploram questões educacionais relacionadas a escolas, estudantes, docentes, gestoras e gestores, desde a primeira infância e a educação primária até o ensino médio e superior, bem como a educação não formal e a aprendizagem ao longo da vida.

No âmbito da conferência, estudos que relacionam educação a desigualdades, processos culturais, democratização, globalização, desenvolvimento econômico e conflito político, entre outros temas, são comparados e discutidos.